“Os limites da minha linguagem
significam os limites do meu mundo”
(Ludwig Wittgenstein).
Uma frase do filosofo austríaco que abre uma questão: Ser bilíngue é uma vantagem? Há vantagens
cognitivas de falar várias línguas, não apenas como ferramenta profissional,
social, cultural, mas como algo que afeta de forma positiva a atividade
cerebral. O bilinguismo ativa as mentes. Nas bilíngues, o
sistema cognitivo é capaz de se concentrar na informação importante e ignorar a
que menos importa. Temos um sistema no cérebro, o sistema de controlo
executivo. A sua tarefa é a de nos manter focados no que é mais relevante,
ignorando distrações. É o que possibilita guardar duas coisas distintas na
mente ao mesmo tempo e escolher entre elas. Quando temos duas línguas e as
usamos regularmente, as redes do cérebro que trabalham ao mesmo tempo em que
falamos ativam-se e o sistema de controlo executivo salta por cima de tudo o
resto e responde apenas ao que é relevante naquele momento. Os bilíngues usam
mais esse sistema e é esse uso frequente que o torna mais eficiente. É neste
pressuposto que muitos especialistas sustentam a teoria de que ser bilíngue ou multilíngue
tem efeitos no atraso da demência, na prevenção de doenças como o Alzheimer ou
na ideia de que um bilíngue é mais capaz em atividades criativas ou em cálculo
matemático. Ou sucesso também depende muito de outros fatores, como as
condições sociais, econômicas, históricas e psicológicas, mas, uma vez
conseguido, permite alargar horizontes e enfrentar novos desafios. Os alunos bilíngues
desenvolvem capacidades especiais por se verem confrontados com duas realidades
linguísticas em simultâneo, exigindo deles uma estruturação mental e uma
predisposição para um pensamento lógico. As estruturas gramaticais, a
construção sintática das frases e o próprio léxico da língua, estruturam o
pensamento e apresentam os argumentos, organizando, esquematizando e planejando
antecipadamente. A relação entre bilinguismo e sucesso é
fundamental num momento em que há um padrão mundial de mobilidade cada vez mais
comum. Cada vez mais as pessoas trocam
de cidade, de país, de profissão e a exposição a diferentes culturas e línguas
faz parte dessa mobilidade. Portanto é preciso que as sociedades sejam capazes
de dar resposta aos desafios que isso coloca e que tanto podem ser estímulos
como barreiras, dependendo de cada caso. Em termos cognitivos falar mais
do que uma língua é um grande estímulo. Quem aprende línguas estrangeiras terá
um cérebro preparado para aprender qualquer outra coisa. Todos deveriam falar
pelo menos outra língua muito bem. Não há vantagem em saber mal seis ou sete
línguas. Dominar duas ou três línguas é o ideal.
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