Em casos
criminais, os juízes tipicamente decidem se o réu é culpado, e depois
determinam a punição adequada. Uma nova pesquisa confirma que estes dois
processos separados — culpa e punição —, embora estejam relacionados, ocorrem
em diferentes partes do cérebro. De fato, os cientistas descobriram que eles
podem interromper ou mudar uma das decisões sem afetar a outra. Os
pesquisadores da universidade de Harvard explicam que uma área específica do
cérebro, o córtex pré-frontal dorsolateral, é crucial para decisões ligadas à
punição. Eles então previram que, com a alteração da atividade cerebral naquela
região, poderiam mudar como as pessoas estabelecem punições em situações
hipotéticas sem modificar a “intensidade” da culpa atribuída a uma pessoa.
Conseguir mudar significativamente a cadeia de decisões do cérebro e reduzir as
punições estabelecidas para cada crime sem afetar a atribuição da culpa. Isso
fortalece as evidências de que o córtex pré-frontal dorsolateral integra
informações de outras partes do cérebro para determinar punições e mostra uma
clara dissociação neural entre decisões de punição e julgamentos de
responsabilidade moral. Os cientistas usaram um método conhecido como Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva
em uma área específica do córtex pré-frontal dorsolateral para alterar
brevemente a atividade naquela região e, consequentemente, mudar a intensidade
da punição atribuída. Muitos estudos mostram como o córtex pré-frontal
dorsolateral participa de tarefas cognitivas relativamente simples. Este
processo básico constitui a base para formas mais complexas de comportamento e
tomadas de decisão, como a aplicação de uma norma. A equipe conduziu
experimentos em 66 homens e mulheres. Os participantes deviam tomar decisões
sobre as punições e o culpado em uma série de cenários em que um suspeito
comete um crime. Os cenários variavam de acordo com o prejuízo causado (de
danos à propriedade a provocação de ferimentos e morte) e o grau de culpa que
pode ser atribuído à pessoa (totalmente responsável ou não, de acordo com as
circunstâncias). Metade das pessoas recebeu a estimulação magnética, enquanto a
outra recebeu apenas um placebo. As pessoas que receberam a estimulação
aplicaram punições menores para os réus do que os demais, particularmente em
situações ligadas a danos baixos ou moderados. A perturbação temporária das
funções do córtex pré-frontal dorsolateral teria alterado como as pessoas usam
as informações para tomar suas decisões. Em outras palavras, a punição requer
que as pessoas equilibrem estas duas influências, e a manipulação magnética
interferiu neste balanço, especialmente sob condições em que estes fatores são
dissonantes, como quando a intenção é clara, mas o resultado dos danos é leve. A
principal meta da equipe com este trabalho é expandir o conhecimento sobre como
o cérebro acessa e depois integra informações relevantes para decisões sobre
culpa e punição e também avançará o estudo indisciplinar da lei e da
neurociência. A pesquisa dá uma percepção mais profunda sobre como as pessoas
tomam decisões relevantes para a lei, e particularmente como diferentes partes
do cérebro contribuem para decisões sobre o crime e a punição.
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