Você
desviaria um trem, fazendo-o atropelar um homem, se isso fosse salvar a vida de
várias outras pessoas? Durante uma experiência feita pela Universidade de
Chicago, dois em cada dez entrevistados responderam "sim" para esse
dilema moral. Em seguida, os psicólogos reuniram um segundo grupo e refizeram a
pergunta. Só que, desta vez, utilizando um idioma que não era o nativo dos
voluntários. Houve testes em inglês, espanhol, francês e hebraico. Resultado: a
quantidade de pessoas que aceitaria matar o homem subiu 65%. Quando usam uma
língua estrangeira, as pessoas tendem a pensar de modo mais frio. Segundo o
estudo, isso pode resultar em decisões menos emocionais e mais racionais como,
no exemplo proposto pelo teste, sacrificar uma vida para salvar várias outras.
Os pesquisadores não sabem ao certo por que essa mudança acontece. Uma possível
explicação é que, quando pensamos e falamos na nossa própria língua, o cérebro
age de forma intuitiva, porque já está familiarizado com aquilo (você é capaz
de falar sem pensar). Já quando temos de nos expressar em outro idioma, é
diferente. O cérebro é forçado a trabalhar mais, porque tem de raciocinar sobre
as palavras que irá usar e como irá arranjá-las para construir frases. De
acordo com o estudo, esse esforço intelectual atrapalha a chamada "ressonância
emocional", ou seja, a capacidade de se identificar com as emoções dos
outros, o que resultaria em escolhas mais frias.
Sayuri Hayakawa
Sayuri Hayakawa
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